A telemedicina, por sua capacidade de agilizar processos urgentes, encurtar distâncias e otimizar o tempo, tem se mostrado, cada vez mais, uma ferramenta imprescindível para enfrentarmos os principais desafios que se apresentam no setor da saúde em nosso mundo contemporâneo. O procedimento – que permite, remotamente, realizar consultas e diagnósticos, monitorar pacientes e formar profissionais –, facilita o contato com médicos especialistas, raros no interior do Brasil.
Dessa forma, do ponto de vista econômico e social, o setor se constitui uma área estratégica, pois, além de gerar inovações e impulsionar diferentes indústrias, facilita o acesso à saúde, integrando regiões remotas com centros de referência.
O atendimento médico remoto é um assunto que está em pauta nos últimos meses, afinal o cenário da atual pandemia trouxe urgência na busca por soluções práticas e eficientes, e é justamente aí que entra a telemedicina.
Como a telemedicina funciona no Brasil?
Vivemos em um país de desigualdades acentuadas em diversas áreas da sociedade e na saúde não é diferente. Dados da Demografia Médica (2018) indicam que o Brasil está na 34ª posição do ranking que mede a densidade médica populacional, com a marca de 2,1 médicos a cada 1000 habitantes.
Ao analisarmos esse número na relação entre as capitais e os municípios do interior, o contraste é gritante, uma vez que mais da metade dos médicos em atividade estão distribuídos apenas nas 27 capitais federais.
Por outro lado, nas demais 5.543 cidades do interior, que abrigam mais de três quartos de toda a população, residem menos da metade destes profissionais em atividade, resultando em um indicador de 1,28 médicos a cada 1000 habitantes.
No entanto, a telemedicina, para ser amplamente utilizada, deve obedecer a uma regulamentação específica. O controle, obviamente, serve para garantir a segurança do paciente e o sigilo de seus dados e informações. No caso específico da telemedicina, os equipamentos e softwares empregados para transmissão de dados e videoconferências já são considerados dispositivos médicos (os chamados medical devices).
Ou seja, estão na agenda dos órgãos reguladores internacionais de saúde. No Brasil, os dispositivos médicos estão sob o controle do Ministério da Saúde, por meio da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O Registro no Ministério da Saúde (RMS) é a garantia de que o produto está de acordo com a legislação sanitária e a concessão para sua utilização é dada pela Anvisa.
Só por este motivo, já é importante analisar o quanto seria benéfico se os órgãos públicos conseguissem incluir a telemedicina como um serviço de saúde comum no país. Assim como uma consulta tradicional, a teleconsulta também precisa de uma infraestrutura adequada e profissionais habilitados para realizar esse tipo de atendimento.
Tecnologia segura e regulamentada
As regras para laudos de telemedicina são as mesmas presencialmente ou à distância, de acordo com o Conselho Federal de Medicina. Nesse sentido, a tecnologia na saúde entra como uma ferramenta para unir a necessidade à demanda existente.
Além disso, a telemedicina é um aparato que nada deixa a desejar em relação ao atendimento tradicional, uma vez que segue à risca toda a regulamentação proposta e ainda por cima conta com profissionais atualizados, afinal quem está defasado tende a nem conhecer essa área tão inovadora.
Sem fila de espera com a telemedicina
Nos moldes tradicionais, os exames são requisitados, feitos e só depois disso há o retorno ao médico para que ele possa fazer a interpretação dos resultados, realizar o laudo e indicar os próximos passos.
Porém, nesse meio tempo há o deslocamento para a consulta, trânsito, prazo de marcação de exame, espera para receber os resultados, prazo para a marcação da consulta de retorno, deslocamento até a consulta de retorno, tempo na sala de espera e por aí vai…
A telemedicina entra como uma solução para diversas dessas situações. Além de dispensar a necessidade da locomoção, que muitas vezes está diretamente ligada não só ao tempo do trajeto mas também aos congestionamentos, outro fator que vale ser mencionado é o indesejado tempo em sala de espera.
As pessoas estão preparadas para a nova era que está por vir?
A medicina é uma das atuações mais antigas que se tem registros, mas ainda assim está em constante evolução. Afinal, com o tempo, são descobertos novos tratamentos, medicamentos e, sobretudo, novas tecnologias que buscam caminhos mais eficientes para preservar vidas.
A telemedicina é uma metodologia que veio para transformar muito do que conhecemos até então, mas sabemos que nenhuma mudança brusca ocorre de um dia para o outro, ainda mais em uma área tão sensível e com pilares extremamente tradicionais.
Entretanto, quando a tecnologia é empregada para o progresso, mesmo que a adaptação seja gradual, não há como fugir da transformação. Assim, uma vez que a telemedicina já se mostrou eficiente nos países em que primeiro foi implementada, com o resto do mundo não será diferente, cada país ao seu ritmo.
A ideia é que a telemedicina se insira no dia-a-dia das pessoas para trazer melhorias.