No diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças do coração, são necessários diversos exames que mapeiam o funcionamento do coração. Assim como também possam identificar anomalias e outras irregularidades. O ECG, eletrocardiograma, é um dos exames mais solicitados para atestar a saúde cardíaca.
Desse modo, no artigo a seguir do Blog Telecárdio vamos tratar sobre as orientações da Sociedade Brasileira de Cardiologia na diretriz ECG. Nos próximos tópicos iremos trazer mais detalhes sobre este exame, os tipos de laudos e a forma correta de realizar sua leitura.
O que é diretriz ECG?
Para quem atua na área da saúde, existem normativas que devem ser seguidas, a fim de garantir o melhor tratamento ao paciente. Desse modo, a diretriz ECG é um documento, emitido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, que conta com uma série de protocolos, os quais estabelecem padrões atualizados para a interpretação do traçado deste exame.
O eletrocardiograma é um exame que avalia a atividade elétrica do coração através de eletrodos fixados na pele do paciente. E para um melhor diagnóstico e laudo, deve-se seguir as orientações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O documento normativo é dividido em quinze partes, onde constam interpretações de cada tipo de laudo ECG. Além disso, a diretriz também aborda sobre as características presentes em cada grupo de pessoas, por exemplo: atletas, idosos, crianças etc.
Estas revisões se fizeram necessárias para agregar conhecimentos atualizados acerca de doenças cardíacas e vasculares. Assim como atualizações sobre identificação das mesmas doenças.
Benefícios do ECG segundo a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia)
Reproduzo aqui a lista de vantagens reconhecidas pela diretriz para ECG da SBC quanto ao laudo digital para o exame.
São elas:
Diagnóstico eletrocardiográfico rápido, permitindo identificações de casos normais e diferentes do normal
Atendimento (pré) ao paciente em seu local de origem
Acesso a especialistas em acidentes e emergências
Redução do tempo e custo despendido pelo paciente
Agilização da triagem por especialistas
Auxílio e orientação a não especialistas
Facilita gerenciamento dos recursos de saúde
Na reabilitação, aumenta a segurança do paciente pós-cirúrgico
Cooperação e integração de pesquisadores para compartilhamento de registros clínicos
Acesso a programas educacionais de formação e qualificação
Segunda opinião.
Diretriz ECG e a emissão de laudos
A diretriz descreve boas práticas para a interpretação do eletrocardiograma, mencionando quatro tipos de laudos:
Laudo descritivo, contendo a análise completa do ritmo cardíaco
Laudo conclusivo, com a síntese dos diagnósticos mencionados na diretriz
Laudo automatizado, que deve ser revisado pelo cardiologista
Laudo via internet, emitido à distância por especialistas das empresas de telemedicina.
A seguir, comento rapidamente cada trecho da diretriz para ECG.
1 – Normatização para análise e emissão do laudo eletrocardiográfico
É nesta primeira parte que são definidos os tipos de laudo para o ECG, além das três características a se considerar na interpretação do exame.
Particularidades ligadas à idade, biotipo e sexo devem ser avaliadas.
2 – Avaliação da qualidade técnica do traçado
Falta de calibração de eletrocardiógrafos analógicos e troca de eletrodos estão entre os fatores que interferem na qualidade do exame.
Também é preciso identificar tremores musculares, febre e outras condições capazes de gerar artefatos no traçado.
3 – A análise do ritmo cardíaco
Neste trecho, a SBC define o ritmo sinusal e analisa as alterações de ritmo supraventricular.
Arritmia sinusal, fibrilação atrial (FA), flutter atrial e arritmias supraventriculares com complexo QRS alargado, entre outros ritmos anômalos são descritos.
4 – Condução atrioventricular
Aborda características e anomalias que afetam o intervalo P-R, que corresponde à ativação atrial e retardo fisiológico na junção atrioventricular (AV) e/ou sistema His-Purkinje.
Sua duração normal é de 120 a 200 ms, com base numa FC de até 90 bpm.
Atrasos ou bloqueios da condução atrioventricular (AV) e outros mecanismos anormais são analisados.
5 – Análise da ativação ventricular
Discorre sobre o QRS normal e disfunções deste complexo, que podem indicar patologias de maior ou menor gravidade.
Fibrilação ventricular (FV), taquicardia ventricular (TV) e ritmo idioventricular acelerado (RIVA) estão entre os fenômenos definidos.
6 – Sobrecargas das câmaras cardíacas
Menciona os diferentes tipos de sobrecarga das câmaras cardíacas, especificando critérios para sua identificação no ECG.
7 – Análise dos bloqueios (retardo, atraso de condução) intraventriculares
Manifestam-se através de mudanças na forma e duração do complexo QRS.
A diretriz ECG comenta o bloqueio do ramo esquerdo (BRE), bloqueio do ramo direito (BRD) e associações entre eles.
8 – Análise do ECG nas coronariopatias
São apresentados critérios diagnósticos da presença de isquemia, lesão e áreas eletricamente inativas (AEI), incluindo características topográficas.
Há também orientações sobre infartos de localização especial e diagnósticos diferenciais.
9 – Análise da repolarização ventricular
Essa avaliação contribui para a estratificação de risco de eventos arrítmicos graves e morte súbita.
Repolarização ventricular normal e variantes são descritas.
10 – O ECG nas canalopatias e demais alterações genéticas
Cardiomiopatia hipertrófica e displasia arritmogênica do ventrículo direito estão entre as doenças cardíacas de origem genética abordadas neste espaço.
11 – Caracterização das alterações eletrocardiográficas em situações clínicas específicas
A apresentação no ECG de doenças sistêmicas, distúrbios metabólicos e decorrentes do uso de fármacos (como a intoxicação digitálica), entre outras condições, é detalhada neste trecho.
Diretriz eletrocardiograma
A diretriz de ECG aborda bloqueio do ramo esquerdo, bloqueio do ramo direito e associações entre eles
12 – O ECG em atletas
Traz recomendações para a interpretação do ECG de atletas, que pode conter anomalias sem qualquer comprometimento à função cardíaca.
Achados eletrocardiográficos normais, alterados e limítrofes são comentados.
13 – O ECG em crianças
O desenvolvimento das crianças pode desencadear alterações anatômicas e fisiológicas específicas, que devem ser consideradas no laudo de ECG pediátrico.
Peculiaridades normais e anormais são tratadas pela diretriz, a exemplo da FC aumentada nos primeiros anos de vida.
14 – O ECG durante estimulação cardíaca artificial
Orienta a interpretação do ECG de portadores de DCEI ou dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis, como o cardioversor-desfibrilador implantável (CDI), ressincronizador cardíaco (RC) e marcapasso convencional.
15 – Tele-eletrocardiografia
Menciona a contribuição dos laudos eletrônicos para o diagnóstico de alterações potencialmente fatais, detalhando os requisitos fundamentais na adoção da telecardiologia.